Uma das referências nacionais em operações de salvamento veicular, ou seja, de resgate em acidentes de trânsito, o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) foi escolhido para ministrar treinamentos dessa área a uma equipe de 32 integrantes do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Maranhão (CBMMA). Na primeira parte da visita técnica, os representantes da corporação coirmã receberam instruções em Curitiba, entre os dias 23 e 27 de outubro, sobre a atividade em veículos leves – carros de passeio. Na próxima semana, eles se deslocam para Foz do Iguaçu, onde o foco dos trabalhos será nos veículos pesados – caminhões e ônibus – e nos carros elétricos.
“O treinamento, que tem duas fases, é uma versão simplificada do curso que a gente faz na Corporação”, explicou o major Ícaro Gabriel Greinert, comandante do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), responsável pela instrução. A primeira, direcionada a acidentes com carros de passeio (veículos leves), ocorre na fábrica da Renault, cuja parceria tem sido fundamental para a especialização dos bombeiros militares do Paraná nesse tipo de atendimento.
Desde 2009, a empresa fornece carros que não têm condição de comercialização para que sejam montados os cenários de acidente para treinamento dentro do interior da fábrica. “Todas as fases da operação de salvamento, desde a estabilização da vítima até a remoção, são treinadas exaustivamente”, revelou o major. Outra parceria que viabiliza o treinamento em todos os cantos do Paraná é com o Detran. O órgão cede veículos que seriam destruídos para a execução dessa atividade de instrução.
Já para o aperfeiçoamento das técnicas em veículos de maior porte, realizado em Foz do Iguaçu, o apoio da Receita Federal tem sido vital, oferecendo caminhões e ônibus apreendidos na Tríplice Fronteira. “Graças a essa parceria estamos trabalhando bastante nesse sentido. É muito difícil a logística dos ônibus e caminhões, em nível nacional. Ali a gente tem ali uma fonte de veículos bastante vasta”, contou o comandante do Gost, que ressaltou a importância da visita técnica. “Claro que temos algum ônus para proporcionar essa instrução, mas fica um legado muito grande de interação e troca de conhecimento. Aprendemos muito também, entendemos como é a realidade daquele estado. Só temos a ganhar, melhorando nossos processos de instrução”, complementou.
A delegação do CBMMA em território paranaense é composta por 17 alunos do Curso de Salvamentos Especiais (CSEsp) e 15 Águias, como são chamados os bombeiros que conseguem concluir essa especialização. A experiência, segundo o Capitão Cleyston José Raimundo Nunes Moreira, subcoordenador do CSEsp, tem sido “maravilhosa”. Tanto pela questão do conteúdo apresentado, quanto da qualidade pedagógica demonstrada pelos instrutores. “Estamos aprendendo técnicas, procedimentos, que são novidades para a gente”, comentou o Capitão, elogiando também a parte de estrutura e logística de toda essa operação.
“Com a mudança de cenários e a utilização de veículos de modo muito próximo à realidade das ocorrências, tem sido uma experiência espetacular. Se tem sido tão bom para quem, como eu, já é formado no Curso de Salvamentos Especiais, imagina para os alunos”, declarou. A escolha pelo Paraná para ministrar o módulo se deu justamente por essa expertise, explica o subcoordenador do curso do CBMMA. “Foi devido à grande excelência que os bombeiros do Paraná vêm demonstrando e desenvolvendo na questão de salvamento veicular. Ganhando competições, tendo destaque em nível nacional e internacional”, finalizou.
“O principal de tudo é o reconhecimento da nossa Corporação como grande referência para o Brasil. Há outros estados a quem eles poderiam ter recorrido, mas fica evidente pela grande distância da Região Nordeste, que eles optaram por vir até aqui entendendo que teriam treinamento adequado”, resumiu o major Gabriel. “Nós temos uma câmara técnica muito forte hoje, com 40 membros de todo o Estado, que são instrutores, muitos com cursos no exterior”, complementou.
Salvamento veicular – o Corpo de Bombeiros entende como salvamento veicular toda a disciplina relativa ao atendimento de acidentes de trânsito – inclusive a escolha da viatura a ser mobilizada e a sistemática desse deslocamento. A operação de resgate de vítimas no interior dos veículos é complexa e envolve várias etapas distintas. O procedimento precisa ser o mais assertivo possível e, de preferência, no menor tempo, pois, dependendo dos ferimentos, a demora pode dificultar a sobrevivência da vítima.
“Não é simplesmente chegar lá e remover a pessoa. O acidente pode ter trazido lesões invisíveis, principalmente na coluna cervical ou pelve”, apontou o major Gabriel, citando em seguida as seis fases que compreendem o que se entende como salvamento veicular. “A primeira é a fase de segurança. Depois vêm as fases de estabilização; de criação de acesso para a equipe de atendimento pré-hospitalar, ou seja, para a equipe médica; de estabilização da vítima no interior do veículo; de criação de espaço para remoção; e, por fim, a fase de extração”, elencou.
Campeonatos – a expertise do Paraná em salvamento veicular tem garantido ao estado não só o reconhecimento das coirmãs, mas também resultados em importantes campeonatos da modalidade. Em 2022, a equipe de Cascavel se destacou entre as equipes consideradas iniciantes – disputava o Desafio Nacional pela primeira vez –, assegurando com um segundo lugar a vaga no Desafio Mundial, disputado neste ano em Lanzarote, nas Ilhas Canárias. Antes do embarque para o arquipélago espanhol, esse mesmo time ficou em terceiro lugar no Brasileiro deste ano, empatado em pontos com os catarinenses de Concórdia e ficando atrás apenas nos critérios de desempate.
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