Não gosto de política

“Não me envergonho de corrigir e mudar minhas opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.” (Alexandre Herculano)

                                                               

Este é mais um ano de eleição, mas por causa da corrupção e atitudes insensatas de representantes políticos do povo, muitas pessoas desiludidas, se mostram avessas à política.  É claro que alguns políticos nos deixam má impressão. Grande parte deles trabalha em causa própria ou familiar, vende sua posição em troca de cargos, para os que financiaram sua campanha e por aí afora. Estes motivos acabam sendo argumentos para algumas, quando questionadas ou chamadas a discutir assuntos relacionados à política, a dar como resposta: “Não gosto de política”. Os exemplos mencionados não justificam a nossa indiferença. Infelizmente, somos influenciados e educados para não se envolver nesta seara. Segundo pesquisas feitas pelo IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – menos de 20% da população brasileira  não participa de nenhuma organização  da sociedade civil. As leis vêm prontas, planos econômicos são pensados em gabinetes e nos apresentados como salvação. Poucas coisas são discutidas publicamente. Também nem sempre há espaço para discussão, por falta de informações mais próximas da realidade.

 É importante esclarecer que nenhuma sociedade funciona sem organização. Para que todos possam usufruir dos bens e direitos coletivos ou individuais é preciso que existam leis e organismos que garantam isso. Alguém estabelece os valores de salários, preço da comida, da passagem, da gasolina,  o tipo de educação, o sistema de saúde, a forma como funcionam os grupos, as associações, sindicatos, os serviços públicos e toda essa organização exige ação política. Assim, querendo ou não, todos nós estamos envolvidos na política. Ou participamos e fazemos as leis, ou cumprimos o que os outros fazem por nós. Talvez não percebamos, mas existem muitas formas de fazer política. A atividade política não se restringe aos que têm cargo público ou filiação partidária. Ela está em tudo que se relaciona à convivência e sobrevivência humanas.

Participar é preciso

Políticos não são todos iguais, como costumeiramente dizem alguns. E existem formas e tipos de política diferentes e é preciso ter muito cuidado com a generalização, pois isso acaba com a esperança de mudar a sociedade. Se o modelo político atual é deficiente não significa que seja impossível acreditar que haja uma nova forma de fazer as coisas. É possível uma política mais transparente, onde as decisões passam por uma discussão aberta, onde vale o benefício para todos. Em qualquer tipo de política, tanto nos órgãos públicos quanto nas organizações da sociedade civil devem ser defendidos e respeitados  os princípios democráticos, a transparência, honestidade, as leis e as normas que favoreçam a maioria.

Se a política praticada, seja ela partidária, classista ou organizacional,  não atende aos anseios de quem está submetido a ela, o que então pode ser feito para mudar essa imensa engrenagem? À primeira vista, individualmente, pouco se consegue. Mas à grande luz, a esperança é somar o trabalho de milhares de pessoas que querem a mesma coisa. Ninguém sozinho é  salvador da pátria. Então, o primeiro passo e o mais importante é participar. Se eximir ou se omitir é aceitar o que outras decidem por nós. Vale a pena lembrar que “quem não gosta de política é governado por quem gosta”.

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João Carlos da Costa é Policial Civil, Bel. Químico, Bel. Em Direito e Professor de Ciências Exatas

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